
"No Rio, o serviço de táxi, com todas as suas falhas e distorções, estava enquadrado em regras, documentação, controle, registro e cadastro público. Que gritem vozes contra ou a favor, mas era um trabalho que sustentava famílias, muitos pais e mães formaram seus filhos atrás do volante de um táxi. Havia dignidade. Nunca foi um monopólio, mas uma permissão concedida e fiscalizada pela prefeitura, levando em conta a capacidade e a demanda da cidade. De repente, chegam empresas estrangeiras ávidas pelo lucro trazendo a desregulamentação e a desordem absoluta do sistema, passaram a se justificar como direito de escolha e opção ao desemprego. Aqueles irascíveis que sentiam ódio pelos taxistas, por motivos justos ou por ressentimento de não poder dirigir um táxi, defenderam os aplicativos mais do que defenderiam a própria mãe. Os que rotulavam pejorativamente os táxis, correram para dirigir seu concorrente genérico que não precisa seguir regras nem leis impostas pelo Estado. Conclusão, transformaram essa modalidade de transporte num amontoado de camelôs do asfalto. Um serviço que transporta pessoas idosas, mulheres, crianças, virou um bico que pode ser exercido por qualquer irresponsável. Não há NENHUM critério seguro. Taxista, antes profissão regulamentada, agora é um bordel que a cada dia se torna a puta mais rentável de um só cafetão, que não nasceu na Lapa, mas na Califórnia."
Texto: Alexandre Coslei